Recentemente, tivemos a volta dos campeonatos europeus e, como todos os anos, havia enorme expectativa sobre as contratações dos clubes para a nova temporada. 

Alguns clubes se reforçaram mais e trouxeram diversos jogadores, como o clube inglês Arsenal, por exemplo. Outros foram ao mercado para buscar apenas o essencial, como o Real Madrid.

Mas o clube que mais se destacou nessa janela de transferência com certeza foi o Barcelona, por conta de trazer vários jogadores para o seu elenco e consequentemente ser obrigado a encarar uma grande corrida por dinheiro antes do início da liga espanhola. 

O real problema não era ter dinheiro o suficiente para comprar os jogadores, mas sim de ter mais dinheiro para se encaixar dentro das regras do fair play financeiro. Entretanto, é importante ressaltar o ano anterior do clube catalão para que o restante faça sentido.

Barcelona e suas temporadas anteriores

O clube espanhol estava passando por uma reestruturação interna, desde os seus jogadores até o presidente da companhia. O Barcelona estava arcando com as consequências de ter jogadores com salários astronômicos e com a falta de títulos nas temporadas anteriores. 

Desde a venda do brasileiro Neymar em 2017, o clube passou a fazer uma má gestão financeira e começou a colocar muito dinheiro em lugares errados. A primeira grande falha do clube foi a contratação de outro brasileiro, o meio-campista Philippe Coutinho.

Havia grandes expectativas para o jogador no clube, entretanto suas atuações e seu rendimento deixaram a desejar. Na temporada de 19/20, o clube emprestou o jogador para o clube alemão Bayern Munich. Seu futebol melhorou, mas não foi o suficiente para retornar a primeira prateleira dos jogadores. Entretanto, o clube conquistou tudo que jogou.

O maior momento de destaque para Coutinho foi justamente em uma partida contra o Barcelona, onde os alemães aplicaram uma goleada impiedosa de 8 X 2 nos espanhóis, e foi naquele momento em que a crise tomou proporções inimagináveis.

Na temporada seguinte, seu maior astro, Lionel Messi, pediu para sair do clube de onde nasceu, o argentino nunca jogou em outro clube profissionalmente, mas estava certo de que lá não era mais o lugar certo para ele, entretanto, o clube se recusou a vender o jogador e o manteve no elenco contra a vontade do argentino.

Contudo, tudo mudou em apenas um ano, na temporada de 21/22, o clube foi obrigado a vender Lionel Messi para o clube francês Paris Saint Germain, com a intenção de se manter dentro do Fair Play financeiro, desde então o clube vinha se afundando mais em problemas financeiros, mas pelo o que parece, os catalães encontraram uma solução.

O Fair Play financeiro

Essa regra tem sido a maior inimiga do Barcelona durante os últimos anos, o conceito do Fair Play financeiro é fazer com que os clubes tenham maior igualdade de competitividade quando se trata de dinheiro.

É claro que existem clubes mais ricos que outros, o próprio Barcelona já foi uma das maiores potências nos últimos anos, mas foi ultrapassado pelo PSG, Manchester City e outros.

Por conta dos altos investimentos no futebol, a regra atualmente permite que o clube utilize cerca de 70% de sua renda para comprar jogadores. O problema é quando o clube estoura esse limite a poucas semanas de começar as competições, e esse era o problema do Barcelona.

Barcelona e sua folha salarial

Os espanhóis estão passando por dificuldades de retornar aos holofotes do mundo por conta de eliminações históricas e vexames nas competições, mas o clube tem o status de ser um dos mais poderosos do mundo, e a grande maioria já sonhou ou sonha em jogar pelos catalães.

Isso fez com que o clube não tivesse dificuldade em contratar vários jogadores para compor o seu elenco nesta temporada, mas por conta da falta de títulos e grandes resultados, o clube ficou sem uma parte importante de sua renda anual e acabou reduzindo o valor total de renda. 


Como já foi dito, o clube só pode utilizar 70% da renda para contratar e manter seus jogadores, o problema era que o clube possui contratos de altos salários com seus antigos jogadores e tudo piorou com a chegada de novos. Em resumo, o Barcelona estourou o limite do Fair Play e precisava aumentar a sua renda em três semanas, e o clube encontrou duas alavancas para sair dessa situação.

Sixth Street compra os direitos televisivos do Barcelona

A primeira alavanca veio faltando três semanas para o início do torneio nacional. A empresa de investimentos Sixth Street anunciou junto ao Barcelona a compra de 25% dos direitos televisivos do clube pelos próximos 25 anos.

A venda foi feita pelo valor de 520 milhões de euros, a exemplo de muitos clubes brasileiros. O Barcelona é mais um que vende seus direitos televisivos para uma empresa.

Mas existe uma grande diferença, a televisão rende aos brasileiros em média de 50% da renda total, já para o Barcelona, rende apenas 20% da renda total. Na conversão brusca, 25% de 20% é o que o clube vendeu para a empresa, o que vale 5% da renda final, o restante da renda vem separada da seguinte forma:

• Ingressos do Estádio;
  
  
• Sócios;
  
  
• Patrocinadores importantes;
  
  
• Dinheiro da UEFA, por competir a Champions League, Europa League ou Conference League;
  
  
• Lojas espalhadas ao redor do mundo.
  
  

Mas ainda assim, o dinheiro não era o suficiente para deixar o clube dentro do Fair Play financeiro, então os espanhóis tentaram fazer uma jogada ousada. Juntamente na compra da Sixth Street, o Barcelona adicionou mais 150 milhões de euros e afirmou ter vendido os direitos por 670 milhões de euros.

Entretanto, a Laliga percebeu a jogada do clube e negou o valor da venda, afirmando que o Barcelona não poderia investir na própria venda. Então um novo contexto surgiu, os catalães estavam a uma semana do início da temporada e precisavam de mais 150 milhões de euros para poder inscrever seus jogadores. E quase como um milagre, a segunda alavanca apareceu.

Orpheus Media compra o Barça Studios 

Apenas uma semana da nova temporada, o Barcelona corria para todos os lados em busca de mais 150 milhões de euros, o clube tentou vender um de seus principais jogadores, o holandês Frenkie De Jong, mas acabou desistindo da ideia. Depois, tentou reduzir o salário de alguns jogadores, entretanto só conseguiu a redução de um contrato, o do zagueiro espanhol Gerard Piqué.

Era visível que o clube precisava urgente de um investimento de última hora, e foi nesse contexto que a Orpheus Media fez uma oferta para comprar o Barça Studios, que é o responsável pela produção dos conteúdos digitais do clube como por exemplo os Nft´s, a Web 3.0, o Metaverso e os Tokens.

A compra era tudo que o Barcelona precisava, já que foram ofertados 200 milhões de euros, o que era o suficiente para resolver a vida do clube. Entretanto, muitas pessoas consideraram como um investimento arriscado do Barcelona, pois o Barça Studio não possuía um preço de venda, já que essa nova área de investimentos é muito recente.

A Orpheus Media detém agora 24,5% dos direitos do Barça Studio para sempre, a não ser que o clube compre novamente. Mas, o clube afirma que existem outras formas de recuperar o dinheiro perdido com essas vendas.

As expectativas do Barcelona

Os catalães afirmam existir outras maneiras de conquistar dinheiro sem que as vendas façam estragos maiores a sua renda final, e a sua principal esperança é sobre o merchandising.

A exatos 25 anos atrás, o clube recebia anualmente 50 milhões de euros através de seu merchandising, atualmente o clube conquista 130 milhões de euros todos os anos, e há uma expectativa enorme de que esses números sejam aumentados nos próximos 25 anos.


Essas apostas vem por conta da expectativa imposta por seu novo time. O clube investiu pesado nessa janela de transferências e trouxe grandes nomes do futebol mundial, como por exemplo o atacante polonês Robert Lewandowski.


Com isso, é esperado que além da conquista de títulos, a equipe atraia a atenção do mundo com seu projeto esportivo e com a carga de grandes nomes na bagagem. Há uma expectativa sobre o aumento da venda de camisetas e de ingressos para as partidas, inclusive seu estádio passará por uma reforma e planeja ter a maior capacidade de torcedores do mundo.

Conclusão

O Barcelona estava sob a direção de uma má gestão durante muitos anos e vem sofrendo com as consequências nas últimas temporadas, mas agora parece ter encontrado uma solução para retornar à elite do futebol mundial.

Muitos julgam se os investimentos do Barcelona foram bons ou ruins para a gestão do clube, mas a realidade é que essas duas alavancas podem ter salvado a vida do clube espanhol, agora se trará frutos ou problemas é uma resposta para o fim da temporada.

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