Figurinhas da copa, a sobrevida das bancas de jornal

No dia 19 de agosto de 2022, foi lançado oficialmente pela Panini a coleção do álbum de figurinhas da copa do mundo do Catar e, como é tradição no Brasil, a cada quatro anos todos os fãs de futebol correm para a banca de jornal e compram todos os pacotinhos de figurinhas da copa.

A Panini produz a coleção de figurinhas desde a Copa do Mundo do México, que foi em 1970, o ano em que o Brasil se tornou o primeiro país a conquistar três vezes o torneio. Por conta disso, muitos atrelam que a vitória dos brasileiros diante aos italianos tem conexão com os produtos da Panini, desde então, se tornou tradição para os brasileiros colecionar as figurinhas da empresa em todas as copas.

Panini e as Bancas de jornal

Desde que começaram a ser produzidas, a Panini sempre teve a intenção de permitir que todas as bancas de jornal tivessem o direito de comprar as figurinhas da copa e revendê-las para a população. Essa parceria entre a empresa e os jornaleiros dura desde a primeira edição.

Mas o que os donos das bancas não imaginavam é que, ao longo dos anos, a época de venda das figurinhas se tornariam a sua maior oportunidade de renda em muito tempo.

Com a evolução da tecnologia e a criação da internet, acessar a informação nunca foi tão simples, o que antes era necessário correr para a banca mais próxima e comprar um jornal ou uma revista, agora é possível alcançar com apenas alguns cliques no celular.

Por conta disso, as grandes empresas de comunicação migraram para o mundo digital, mas ainda permanecem também no modelo físico para não perder o seu público mais antigo que está acostumado a virar as páginas de um jornal, mesmo assim, a renda das bancas está caindo a cada ano que se passa, por isso as figurinhas da copa tem um papel fundamental na vida do negócio.

Figurinhas da copa nos últimos anos

Como já foi dito, as figurinhas têm sido a maior fonte de renda das bancas nos últimos anos, o maior problema é que com o passar dos eventos da competição, a cada nova coleção que era fabricada pela Panini, os preços aumentavam cada vez mais.

Para se ter uma ideia, em 2006, o preço de um pacote de figurinha era de 0,60 reais e o preço do álbum era de 3,90 reais, em 2010 o preço do álbum se manteve, mas o pacotinho teve um aumento e chegou a 0,75 reais, na época o aumento foi considerado normal, por conta da situação econômica do país, mas desde então as coisas começaram a sair do controle.

Em 2014, o preço de um pacotinho de figurinhas da copa chegou a 1 real e o preço do álbum chegou a 5,90 reais, É claro, houveram protestos sobre o aumento mas pouco foi comentado.

Quando chegamos a 2018, havia a expectativa de que os preços se mantivessem, mas não foi bem isso que aconteceu. Na época, a Panini anunciou o preço do álbum por 7,90 reais e um pacotinho custando o dobro da última edição.

Neste ano não houve nenhuma expectativa boa sobre os preços, era esperado um pequeno aumento nos valores, mas não era nada esperado do que realmente aconteceu. As bancas de jornal começaram as vendas com o álbum custando 12 reais e um pacotinho custando novamente o dobro do ano anterior, ou seja, o preço chegou a 4 reais. 

Os jornaleiros sobre as figurinhas da copa

Mas se engana quem pensa que o aumento dos valores impediu que os brasileiros continuassem a sua tradição. Em entrevista, Luiz Carlos contou um pouco sobre a sua experiência com vendas das coleções da Panini.

Luiz contou que atua no ramo de bancas desde 1990 e que o ponto auge sempre foi na época de copa do mundo, mas que a decisão de investir ou não nos produtos sempre foi baseada nas outras dependências financeiras do empreendedor, por exemplo, na responsabilidade do salário de seus funcionários.

O jornaleiro entende que apesar do aumento de preços nos produtos da Panini, as figurinhas da copa sempre são desejadas, “É uma coisa que acontece só de quatro em quatro anos, com o mundo digital as pessoas se esquecem rápido, então colecionar um álbum da copa do mundo não é coisa que se faz todos os dias”.

Após um tempo de conversa, Luiz compreendeu que se o movimento em época de copa do mundo se mantivesse ao longo dos quatro anos, seria possível contratar mais colaboradores – maneira que Luiz chama seus empregados – para a sua banca, “Se esse movimento se mantivesse ao longo dos anos, eu atualmente conto com três colaboradores, tenho certeza que seria possível trazer no mínimo mais três para a minha banca”.

Entretanto, não são todas as bancas que decidem investir nas figurinhas da copa. Esse é o caso de Jorge, empreendedor que possui uma banca há 15 anos. O jornaleiro entende que investir nos produtos da Panini neste ano não é uma boa ideia, “Meu público é diferente, meus clientes não estão interessados em comprar figurinhas da copa, eles vem, param, conversam e seguem viagem”.

Questionado sobre a importância de investir em produtos na época de copa do mundo, Jorge revelou ter más experiências em copas passadas, quando o empreendedor adquiriu os produtos e obteve mais prejuízos do que lucros ao seu negócio, “Em 2014 e 2018 eu comprei os produtos, no fim da copa eu não consegui vender tudo e fiquei no prejuízo”.

Conclusão

O mundo do futebol para a cada quatro anos para acompanhar o torneio mais importante de seleções intercontinentais, todos possuem tradições e superstições baseadas na vitória de sua seleção, mas os brasileiros despontam quando relacionadas a isso.

Colecionar o álbum de figurinhas da copa se tornou uma grande tradição para várias pessoas espalhadas por todo o país, e claro que isso faz com que as bancas de jornal recebam uma sobrevida, já que o mundo digital vem acabando com elas durante esses anos. 

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