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Pandemia

Como irá ficar a economia pós pandemia?

A pandemia da Covid-19 provocou e ainda continua provocando instabilidades no sistema financeiro. As entidades que comandam nesses sistemas, tanto no Brasil e em outros países como Colômbia, Espanha e Guatemala, passaram por um processo considerável de adaptação à nova realidade determinada pelas medidas do confinamento social. 

Sob forte impacto da pandemia do coronavírus, a economia mundial deverá encolher 4,4% neste ano, segundo a projeção mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). A contratação é menor que a estimada pelo Fundo em junho , quando a projeção era de 4,9% no PIB (Produto Interno Bruto) global. 

Mas o FMI destaca que, apesar de ser “menos severa” do que esperado anteriormente, a recessão ainda assim é profunda e será “longa, incerta e irregular”. A projeção para 2022 é de crescimento de 5,22% no PIB mundial, um pouco abaixo dos 5,4% previstos em junho. 

As novas projeções fazem  parte do relatório da World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Mundial), divulgado em Washington. Para a economia brasileira, o FMI projeta um recuo de 5,8%, neste ano,o desempenho foi melhor do que a queda 9,1% prevista em junho, porém ainda mais pessimistas do que as projeções do mercado e do governo brasileiro. 

Segundo Cecília Vera Iglesias, Oficial de Assuntos Econômicos da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe ( ECLAC), a região da América Latina já apresentava baixo crescimento econômico (0,3%) antes da pandemia (2014-2019). Mas, sem dúvidas, a atual crise da saúde deixa a pior contratação econômica já há registros, com perda de renda, desemprego e um retrocesso entre uma e outra década diante dos avanços da pobreza e da extrema pobreza, apesar dos governos implantarem políticas fiscais e monetários para amenizar os efeitos da pandemia.

No contexto global, a pandemia causada pela Covid-19 gerou uma grande crise que atinge, principalmente, os setores mais vulneráveis da sociedade, o impacto sobre as inúmeras famílias de baixa renda e os seus efeitos é o assunto de maior importância para discussão e análise. 

No ano passado, a receita na América Latina e no Caribe ultrapassou 93 bilhões de dólares, tornando os países que dependem de abertura de extremamente vulnerável às consequências da crise causada pelo Covid-19.

Em 2020, os governos da região gastaram em média 4,6% do PIB, o Brasil 8% para fortalecer o sistema de saúde, implantar plano de emergência e conceder desoneração tributária, além de 2,5% com garantias de créditos estaduais. Pelos cálculos, sem as transferências de renda, a pobreza teria aumentado para 230 milhões de pessoas em 2020, cifra que se situa em 209 milhões de pobres e 78 milhões de indigentes.

Segundo o CEPAL, a pandemia causará a maior contração da atividade econômica da história da região. Medindo os efeitos do Covid-19, estabelece que os fluxos para o Caribe e para a América Latina poderiam se contrair entre 10% e 15% em 2022 e passar entre 4 e 8 anos para voltar ao valor alcançado em 2019. 

Em vários países da América Latina, a contribuição desse fluxo para atividade é bem significativa no Haiti representaram mais de 30% do PIB, El Salvador e Honduras contribuíram com cerca de 20%. 

Entre 80% e 90% da capital do país foram usadas para cobrir necessidades básicas e das famílias como alimentação, saúde e habitação, de modo que sua contração terá fortes efeitos sobre o consumo e a incidência da pobreza.

Diante disso, é necessário focar a discussão nas ações a serem tomadas para amenizar os efeitos, e o fluxo capital pode continuar durante e após a pandemia. É também necessário sublinhar que a migração é constituída por um grupo humano diversificado, que inclui profissionais, técnicos, empresários, trabalhadores de várias áreas, que contribuem para o desenvolvimento dos países de acolhimento, que contribuem com o equivalente a quase 10% do PIB.

Assim, a integração dos migrantes nos países de maneira segura, ordena a regular poderia adicionar entre $800 bilhões e $1 trilhão de dólares à economia global a cada ano.

Durante o Seminário de Economia Pós-pandemia econômica: elementos de análise para definição de políticas públicas realizada pela Faculdade de Ciência Econômica, o último relatório do World Economic Outlook do Banco Mundial, que indica que existem dois terços das economias emergentes terão perdas de renda per capita que não serão revertidas em 2022, insistindo que as diferenças no ritmo de recuperação afetarão o comércio, as cadeias de valor e a sustentabilidade do crescimento econômico.

Vale lembrar que nos últimos meses as projeções para o PIB brasileiro estão surpreendendo, mostrando que finalmente, a economia está retomando o fôlego e se desvencilhando da crise sanitária. Bancos como Itaú e o Fibra já preveem uma alta de 5% para 2022, com a possibilidade da taxa ser ainda maior. 

Diante da melhora do otimismo, de acordo com estudo do Euromonitor, as empresa devem ficar de olho na recuperação econômica desigual em relação da pandemia, no aumento de dívida pública, na redefinição da globalização, nas atividades de maior valor agregado e na mudanças nas fronteiras que estão moldando a nova era econômica global pós-pandemia.

Passado pouco mais de um ano e meio desde do início da crise, podemos visualizar com mais clareza essas consequências e compreender quais são as principais mudanças econômicas, comportamentais e geopolíticas. 

Portanto, as maiores mudanças estruturais que irão nortear nossa humanidade e nossa economia daqui pra frente.

Uma economia mais digital 

Uma economia mais digital, não há dúvidas de que esta é uma das mudanças mais óbvias e perceptíveis em nosso dia a dia. Devido à maior necessidade de ficar em casa, somos obrigados a utilizar a internet para fazer as compras.

Embora esse hábito seja natural para as pessoas nascidas na geração Y ou Millennials, ainda não é o comportamento principal. E quando olhamos para as gerações anteriores, o e-commerce ainda encontra resistência. 

Mas os seres humanos são altamente adaptáveis e os números refletem essa adaptabilidade. O gráfico abaixo mostra que o número de americanos não usuários da internet era de 48% há 20 anos e agora representa apenas 7% do total.

Mudança na hegemonia econômica 

Uma das maiores economias do mundo, os EUA, certamente, foi uma das que mais sofreu com a pandemia. Não é à toa que obteve seu pior desempenho em 76 anos, contraindo 3,5% em 2020, pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial, em 1946.

Pela primeira vez em décadas, o país perdeu a primeira posição do ranking de maior PIB do mundo para a China, que foi um dos poucos países que cresceram no meio da pandemia. 

A China também está se consolidando como um centro de novas tecnologias e inovação, além de mudar sua estratégia nos últimos anos para fortalecer o mercado interno, por possuir o maior poder do consumidor mundial, com mais de 1,4 bilhão de grupos de consumidores.

Enfraquecimento do dólar na economia global

Em 2020, o mundo também viu ocorrer uma inundação de dólares no sistema. Para amenizar os efeitos da pandemia em sua economia, o Banco Central norte-americano, o FED, decidiu imprimir alguns trilhões de dólares, praticamente dobrando sua base monetária em um único ano.

Com uma oferta muito maior e com juros no chão, o dólar se desvalorizou significativamente perante as principais moedas do mundo, que põe seriamente em risco a sua liderança como principal moeda global. O índice que mede a cotação do dólar perante as outras moedas, reflete claramente o cenário. 

Governos superendividados 

Injetar dinheiro na economia e derrubar suas taxas de juros não foi um movimento efetuado somente nos Estados Unidos. Ao redor do mundo, os países precisam deixar de lado a austeridade fiscal em detrimento de um socorro emergencial às suas economias.

Além de aumentar seus gastos, os governos também viram suas receitas caírem drasticamente com a paralisação de suas economias e uma consequente arrecadação menor. Com um menor recebimento e maiores gastos, o déficit disparou.

A ascensão do bitcoin na economia global  

Por coincidência (ou não), o Bitcoin é fruto da última grande crise antes da que estamos vivendo atualmente.

A crise de 2008 teve como origem o sistema financeiro. Na época, os Bancos Centrais precisavam salvar muitas das instituições financeiras que foram as próprias originadoras de crise, temendo que o impacto fosse ainda maior. 

Acontece que “salvar os vilões” gerou muitas críticas e revoltas na época. E um dos resultados dessa revolta foi o surgimento do Bitcoin, primeira moeda digital, que tinha o intuito de substituir as moedas físicas e principalmente descentralizar o poder sobre o dinheiro, hoje exercido pelos bancos centrais.

A base do Bitcoin vem de uma tecnologia chamada blockchain, um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de informações pela internet. Essa tecnologia pode ter usabilidade em todos os outros setores da economia global, pode gerar uma verdadeira revolução.

Recuperação econômica desigual 

Uma boa notícia é que a economia global tem tudo para se recuperar em 2022, com um crescimento do PIB de 5,9% (não podemos esquecer do percentual é em relação a 2021, um ano de retração do PIB global).

O estudo do Euromonitor ressalta que essa recuperação está atrelada aos pacotes de estímulo de diversos países, além da aplicação da vacina e assim a melhora da confiança do consumidor e das empresas.

Dívidas públicas crescentes 

Um estudo aponta que, em todos os países, a dívida pública aumentou mais rápido em 2020 do que durante a crise financeira global de 2008-2009. Ainda que um aumento nos gastos públicos seja favorável durante uma desaceleração econômica, já que impulsiona a economia, um alto nível de dívida de longo prazo representará um desafio significativo para os mercados emergentes e em desenvolvimentos que têm grande necessidades de financiamento. 

Redefinição de globalização 

Mesmo antes da pandemia, a globalização já estava em meio a uma mudança profunda impulsionada por desenvolvimentos tecnológicos, caminhos divergentes de crescimento entre economias desenvolvidas e emergentes e o aumento das incertezas geopolíticas que impulsionaram tendências de nacionalismo e protecionismo.

Atividades de maior valor agregado 

As economias em desenvolvimento continuam a mudar das indústrias primárias para atividades de maior valor agregado na cadeia de abastecimento global. Nesses países, a expansão das indústrias de serviços, como varejo, finanças, educação e hotelaria, contribuiu para o aumento da renda, permitindo que os consumidores gastem mais em bens e serviços não essenciais.

Mudando as fronteiras do mercado

Apesar do aumento dos riscos da dívida e dos caminhos incertos de recuperação, as economias emergentes continuarão sendo os principais motores do crescimento econômico global no longo prazo.

Entre 2020 e 2040, 75% do PIB global virá de mercados emergentes e em desenvolvimento, elevando a sua participação na economia global em termos de paridade de poder de compra para 69%, em 2040. Em 2020, essa participação foi de 56%. 

Um novo mundo se desenha

Encontramos vários desafios no mundo pós-pandemia, como a retomada da economia e do emprego, a compensação pelo déficit de um ano na educação, e as elevadas dívidas públicas ao redor do mundo.

Mas também encontramos diversas oportunidades, o acesso maior a internet pode democratizar ainda mais a educação e reduzir a diferença entre o ensino público e privado. Devemos ter uma maior preocupação dos países com relação a pandemia, então o cuidado com a saúde deve ser redobrado. O trabalho remoto também mudou as relações das pessoas e empresas, levando a uma descentralização urbana. 

Tendências para economia em discussão no mundo pós-coronavírus

Ao mesmo tempo em que se discute as medidas temporárias, vale pensar o quanto delas serão duradouras. Uma das reflexões que florescem no período é as formas de motivação das pessoas. Antes da COVID-19, as empresas já precisavam de objetivos amplos de negócio, além do lucro. Agora, estão sendo julgadas por suas respostas à pandemia. 

Em meio ao “novo normal”, o dinheiro também ganha algumas características peculiares nessa concepção de mundo. A forma de lidar com as cédulas e moedas já vinha mudando. O vírus faz as pessoas evitarem manusear o dinheiro. Com isso, novas experiências de pagamento, como carteiras digitais e pagamentos biométricos passarão a ser uma opção mais utilizada. 

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Conheça as principais perspectivas para o pós-pandemia sob a ótica das rápidas mudanças que já aconteceram e ainda vão acontecer em todo mundo.

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