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SAF, o modelo de investimento que está dominando o futebol brasileiro

Atualmente, o futebol brasileiro está evoluindo cada vez mais quando comparados com outras confederações sul-americanas, fazendo nossos vizinhos se perguntarem como isto é possível. Existem diversas respostas dependendo do ângulo que se olha para o futebol brasileiro, será por conta da presença de grandes estrelas internacionais em times brasileiros? Por gestões impressionantes, como as de Flamengo e Palmeiras? Ou pela chegada da moda da SAF no futebol nacional? 

A verdade é que, todas as questões acima são as respostas para a pergunta sobre a evolução do futebol brasileiro, graças a esses acontecimentos, diversos times brasileiros tem se destacado no âmbito internacional, uma prova disso foi a partida do Palmeiras contra o time inglês Chelsea, valendo a taça do mundial de clubes.

Apesar do Verdão perder a disputa decisiva, o clube conseguiu repetir o mesmo feito do Flamengo em 2019, levar a partida para a prorrogação, o que pode ser visto como um certo equilíbrio nas partidas. Vale ressaltar que, os clubes europeus contam com um caixa de investimento 10 vezes superior ao dos brasileiros. 

Tendo em vista o domínio nacional e continental que ambos os clubes conquistaram, ficou evidente que uma boa gestão é o segredo para se destacar no Sul da América. Por conta disso, todos começaram a olhar para o futebol com outros olhos, o que só ficou mais evidente quando a primeira SAF chegou ao Brasil.

Com o sucesso da primeira organização a se tornar uma SAF, diversos clubes brasileiros se interessaram nessa nova forma de gerir um clube de futebol, atraindo o interesse e transformando clubes de grande relevância nacional como Cruzeiro, Vasco, Botafogo e Bahia, além de gerar interesse em grandes clubes como São Paulo, Atlético-MG e Athletico.

A busca por se tornar uma SAF tem aumentado no Brasil após clubes economicamente falidos, como Vasco e Cruzeiro, darem a volta por cima após pouco tempo da nova gestão, que resolveu diferentes problemas financeiros dentro da companhia. 

Hoje, veremos tudo sobre o modelo SAF e como ela está se tornando importante para diversos clubes brasileiros. 

O que é SAF

A SAF é a Sociedade Anônima do Futebol, que foi criada pela Lei 14.193/2021. A nova lei permite que os clubes de futebol tenham a possibilidade de se transformarem em empresas, o que muda completamente a forma que um time de futebol é dirigido.

Em resumo, o clube se transforma em uma empresa e sua principal atividade é a prática do futebol em competições profissionais. A diferença é que o modelo tradicional da gestão de clubes não possui fins lucrativos, apenas conquistar títulos, já uma SAF procura conquistar os campeonatos e lucrar comercialmente durante a jornada. 

Porém, para que um clube tenha a possibilidade de se transformar em uma SAF existem algumas burocracias a serem seguidas. Algumas das obrigações que a legislação brasileira determina são: a adoção de medidas de gestão, transparência e responsabilidade. 

Entretanto, o principal ponto para a transformação de um clube para SAF é o que mais dificulta essa passagem, e para dificultar ainda mais essa condição não está prevista na lei. A condição se trata de vontade política, os principais dirigentes do clube teriam que concordar em abrir mão do poder e influência dentro do clube para que a empresa investidora tenha controle total. 

Além destas exigências, é necessária a aprovação dos Conselhos Deliberativos dos respectivos clubes que tenham a intenção em adentrar nesse novo modelo de gestão do futebol. 

SAF x clube-empresa

Apesar de serem bem parecidas, existe uma diferença que determina os dois modelos diferentes, tanto para a SAF quanto para o modelo clube-empresa, este que já era autorizado no Brasil. Apesar de o conceito ser praticamente o mesmo, existem algumas diferenças técnicas. 

Enquanto uma SAF será um clube-empresa, não pode ser dito o mesmo quando a afirmação é oposta. Um clube-empresa pode ser constituído por outro meio de modelo empresarial, como uma limitada (LTDA), por exemplo. De certa forma, pode-se dizer que um clube-empresa é apenas um gênero, enquanto a SAF é uma espécie. 

As vantagens e desvantagens de uma SAF

No momento em que um clube se consolida como uma SAF, o clube comum se transforma em um clube no formato empresarial, apesar disso, a esmagadora maioria dos clubes brasileiros buscam investidores que tenham a possibilidade de comprarem até 90% do clube. Isso porque os outros 10% são obrigatoriamente do clube, que não deve deixar de existir mesmo após sua transformação em SAF.

A principal vantagem desta passagem é justamente transferir toda a responsabilidade financeira e econômica do clube para a empresa investidora. Como a empresa acionista contém a maioria dos direitos do clube, ela será responsável por toda questão burocrática do time de futebol. 

Além disso, poder contar com uma SAF em um clube irá abrir novas possibilidades, esportivamente falando. Como o detentor das finanças do clube é a empresa investidora, quem faz o caixa é a própria empresa, então na questão de contratação de jogadores e investimentos depende apenas do quanto o investidor está disposto a ceder, claro que se deve tomar cuidado com o fair play financeiro. 

Existem dois grandes nomes que são os exemplos perfeitos para a visualização de investimentos das empresas em seus respectivos clubes: O Manchester City (ING) e o Paris Saint Germain (FRA). 

Apesar de terem projetos completamente diferentes o objetivo é o mesmo, ser uma potência mundial. Entretanto, os clubes têm abordagens diferentes devido a visão e posição que suas empresas investidoras se encontram. 

O Manchester City, que pertence ao Grupo City – mais precisamente a Abu Dhabi United Group – , se encontra atualmente na maior liga de clubes do mundo, a Premier League, que gera uma alta receita por ser de interesse em todas as regiões do mundo. O Grupo City investe no clube e no seu sucesso a longo prazo.

Já o Paris Saint Germain, que pertence ao Oryx Qatar Sports Investments, está presente em uma liga relativamente fraca, comparada às outras grandes do futebol europeu, portanto, não atrai o interesse do público em assistir seus jogos, gerando assim pouca renda para a empresa.

Por conta disso, a empresa investidora se vê em uma encruzilhada para atrair o público. A resposta que o PSG encontrou foi contratar os melhores jogadores, aumentando assim a quantidade de interessados em assistir os jogos do time, isso explica os valores astronômicos que são oferecidos a estrelas do futebol como Messi, Neymar e Mbappe. 

Mas não são todos os clubes que alcançam o sucesso após a passagem para uma SAF, o Parma (ITA) é o melhor exemplo de fracasso. 

O clube vivia lutando contra o rebaixamento na primeira divisão italiana, após se transformar em uma SAF, os resultados começaram a melhorar, entretanto, um escândalo de desvio de dinheiro, atrasos de salário e falta de alimentação para suas categorias de base fizeram com que o time fosse rebaixado para a quarta divisão. A empresa rompeu o contrato e abandonou o time no fundo do poço. 

Conclusão

A moda da SAF com certeza irá alcançar muitos outros times do futebol mundial, sendo diversos deles aqui do Brasil, o que pode ser muito bom para a maioria das equipes, principalmente aquelas que sofrem com sua gestão financeira. 

Entretanto, transformar o clube em uma SAF não significa que todos os problemas irão simplesmente desaparecer, muito pelo contrário, apenas um desvio e, não só o time, mais torna a empresa pode sofrer com as consequências.

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